A história das Moedas do Coronel Manoel José Oliveira Figueiredo.
Nesta serra em transição laborava o coronel Manoel José de Oliveira Figueiredo — O Homem das Moedas. Como agricultor tinha propriedades em Guaramiranga,Baturité, Uruburetama, nos sertões do Quixadá e do Canindé, era da lavoura a criação de animais. Pensando no café, para dinamizar o seu mundo de negócios e para se capitalizar, teve a idéia de criar uma moeda. Passava muito café pelo seu sitio, seu rodeiro trabalhava o ano todo, permanecia café de muitos produtores em seus armazéns. As moedas teriam como referência o café e sua garantia pessoal. Circularia representando o café enquanto este não era pilado ou colhido. Facilitaria muito as transações comerciais, pois a colheita do café é anual e o processo de pilagem não é feito com rapidez. As moedas teriam três valores faciais: um alqueire (128 litros), uma quarta (32 litros) e uma terça (8 litros), tudo medido em “café em coco”, ou seja, café seco antes de ser pilado. Quem o procurava para pilar café, entrava na fila da pilagem, deixava o café no Bom Sucesso e levava as moedas. Todas as moedas foram cunhadas em bronze com verso e reverso, em Portugal, ou na Bahia, todas com a data de 1895. Passaram a circular em toda a serra e no sertão. A aceitação das moedas foi de imediato, o lastro era em café; que se valorizava a cada dia; e a garantia era de um homem muito conhecido, rico e de bem. Era mais fácil guardar moedas que sacos de café; facilitava. Essa troca de moeda por café durou uns vinte anos. A borracha perde o seu valor e o coronel ganha dívidas e incertezas. Correm boatos de sua fraqueza financeira e muitos o procuram para “trocar” as moedas por café e infelizmente já não existia café suficiente nos armazéns da Fazenda Bom Sucesso para recuperar as moedas. Os credores, possuidores de moedas, passam a exigir o que lhe é de direito; e o coronel passa a honrar seus compromissos com dinheiro de outras fontes. Homem correto e cumpridor de suas promessas o coronel José Figueiredo de Oliveira; resolve juntar suas moedas para não ter seu nome sujo. Os seus negócios decaiam cada vez mais. Tendo medo do futuro que o aguardava; decide então vender terras para se capitalizar e saldar suas dívidas; honrar e reaver as moedas que tinham seu nome. Após juntar as moedas e saldar os compromissos assumidos, já sem forças e de finanças bem corroídas, dirige-se ao amigo Aprígio Alves e presenteia-lhe com as moedas já sem valor e volta ao Bom Sucesso. Fora sua última parada, em seguida põe fim a sua própria vida.
As moedas